De um lado, atletas profissionais, pagos para jogar basquete, aquecem com fones nos ouvidos. Do outro, um grupo de “quase atletas”, que conseguiram dispensa do trabalho encima da hora, acaba de realizar uma viagem de 350 km apenas para ter o prazer de jogar basquete.
A partida entre o favorito ao título Santo André, equipe que disputa a primeira divisão do campeonato Paulista, e os operários de Lins mostrou um claro defeito na tabela da segunda divisão do torneio masculino de Basquete livre: times de nível muito diferente se enfrentam.
O descaso da equipe de Santo André era evidente. O pivô Edison não sabia contra quem era o jogo. “Hoje, contra quem é mesmo?” perguntou aos companheiros, que após um consenso, chegaram à conclusão de que era contra Lins.
A vitória mais que anunciada foi pelo placar de 112 a 55, com direito a 25 bolas de três pontos. Só no primeiro período, foram 10 lançamentos certeiros antes da linha dos três pontos. Concluídos vinte minutos de jogo, a diferença era de 39 pontos: 67 a 28.
Preocupado com a motivação do time, o técnico da equipe de Santo André, Luiz Carlos Gianini, o “Pizza”, deu bronca geral em sua equipe. “Quantas vezes não vimos um jogador se machucar em partidas que não valem nada? O respeito maior com o adversário é jogar sério, duro”, esbravejou.
Do lado de Lins tudo era alegria. “Não importa de quanto perdemos. Jogamos contra caras de alto nível e por isso já somos vencedores. É normal que eles se desinteressem pelo jogo, pelo placar elástico. Isso não é falta de respeito e não magoa”, contou Claudio, armador linense.
Santo André agora se prepara para a segunda fase do torneio, onde deve encontrar um pouco mais de competitividade. Já aos linenses, resta agora muita história para contar em casa.
(Texto: Leonardo Moniz)
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